Texto: The show must go on

Escrevi o texto abaixo quando meu avô faleceu, em fevereiro de 2006. Foi minha terceira perda, mas, perder alguém não é algo que se acostuma. Assim, resolvi transformar meus sentimentos em palavras e compartilhar com meus familiares. Pois inevitavelmente perderemos pessoas em nossas vidas, mas há sempre uma forma positiva de se encarar as coisas.

The show must go on

Talvez, eu devesse começar dizendo o quanto dói o vazio da perda. Assim como o vazio, o quão ruim é sentir essa saudade imediata. É algo que não se quantifica, e por um instante, temos a impressão de que iremos sofrer para sempre. E disso, infelizmente, agora sabemos bem. No entanto, sabemos também que como tudo na vida, essa dor passa, o vazio é preenchido e a saudade é amenizada. Pois somos muito mais que seres de dor – ela é apenas parte de nossas vidas, faz com que a gente cresça e enxergue muito além de nossa realidade.
Chega até ser irônico o fato de que a morte, sendo a única certeza desde o momento em que nascemos, é ainda um dos maiores mistérios e uma das coisas mais difíceis de encararmos. Afinal de contas, ninguém gosta de ver alguém que ama indo embora. E é para isso, principalmente, que existem as religiões e as crenças. Quaisquer que sejam, elas nos sustentam e nos fazem seguir com nossas vidas. Daí vocês me perguntam, “mas e aqueles que não têm fé?”, e eu lhes respondo: para eles, é mais difícil de encarar a perda, mas como todos os outros, há sim uma regeneração, pois ela faz parte da vida. Diariamente uma parte de nós morre, só para sentirmos o quanto é bom estarmos vivos.
A força interior conta muito nessas horas. Há aqueles que choram incansavelmente e demoram a se recuperar, assim como há outros, que mesmo tristes, conseguem ser fortes desde o começo e superam com mais facilidade. A tristeza é algo que não se mede, já que a intensidade vai de cada um – é muitas vezes diretamente proporcional ao amor que sentimos pela pessoa que se foi.
Temos nossas próprias limitações, medos e maneiras de enxergar as coisas. Mas uma coisa é certa, devemos sempre nessas horas, olhar para aqueles que dependem e precisam de nós e não nos deixar abalar. Passaremos diversas vezes por esses momentos. Hoje, choramos pela perda de alguém que amamos, amanhã, alguém que nos ama chorará por nossa perda - e assim continua o ciclo da vida.
Que consigamos sermos nós mesmos. E que sendo nós mesmos, que consigamos lidar com a morte, assim como lidamos com a vida, e que saibamos a hora certa de cessar as lágrimas e seguir em frente.

2 Comments:

  1. Douglas said...
    Ola Gabi!
    Primeiramente gostaría de dizer que adorei o que já lí do blog, sem dúvida é um excelente blog, o qual eu devería ter acompanhado des do começo.

    Gostaría de poder fazer um comentário pequeno sobre um pequeno trexo deste texto

    "Há aqueles que choram incansavelmente e demoram a se recuperar, assim como há outros, que mesmo tristes, conseguem ser fortes desde o começo e superam com mais facilidade."
    Douglas said...
    então, como eu estava testando se ficaría legal a formatação que eu estava a usar, e sem querer enviei, me utilizarei de outro comentário, para comentar o meu comentário anterior.

    Não sei com certeza, más com certeza não imagino que você seja do tipo forte, más eu geralmente tento ser em horas como estas. E o que aqui gostaría de por é que quem chora, quem derrama muitas lágrimas, põe pra fora a sua dor, e assim como passageiras são as suas lágrimas, assim também é sua dor. Vez por outra, voltam algumas lágrimas em momentos que naturalmente eram convividos com quem se foi, más ainda assim, é passageiro.
    Por outro lado, quem se faz forte, não derrama as suas dores, não põe pra fora a dor que sente. Talvez para tentar manter uma imagem perante outrem,ou perante sí mesmo. As vezes por tentar enganar-se dizendo que é assim mesmo, que a vida é assim, que como fumaça perante a história do planeta, vem e se desfaz rapidamente. Porém, a dor continua dentro dessa pessoa, e ser humano não é animal criado para absorver facilmente dores, por isso precisamos de algo maior que nós, como citado, para podermos aliviar o peso da dor em nossos corações. Alguém que assim precede, como eu o fiz quando meu avô perdi, vez por outra, sozinho, ou minimante acmpanhado, sofre e derrama algumas poucas gotas de lagrimas, muito amargas e pesadas, e isso vez por outra, durante muito mais tempo, do que alguém que chora.

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